* as sopas de Warhol













fotos: llunkes

Andy Warhol, indagado em uma entrevista sobre a origem de sua genial idéia de retratar a famosa série de sopas em latas, revelou que a inspiração viera de seu almoço, para a decepção do repórter, que, certamente, fantasiara uma confissão um pouco mais metafísica. Porém, era verdade. O vertiginoso artífice da iconografia em série fazia isto todos os dias. Tinha o costume de comer sopa nas refeições. Religiosamente. Desde pequeno. Decidiu, então, que a repetição-de-um-hábito-metamorfoseado-em-arte-repetitiva seria uma das bandeiras de seu legado. Deu certo. O artista-pop bombou. Em contrapartida, o seu entusiasmo com essas engenhocas da mecânica alimentícia contrastava fortemente com os ferrenhos opositores do "massacre do gosto". Inconformados, chefes e devotos do prato afirmavam, e ainda o fazem, que foi justamente a lata - tão venerada por Warhol - o objeto do crime que matou a estimada sopa.

Vim a entender melhor o significado desse desabafo no dia em que resolvi chamar um grupo de amigos para o jantar. Ao tomar conhecimento de um dos ítens do cardápio, um dos convidados não se conteve: “sooooooopaaaaaaaaaaaa ??!!”. Armou uma cara de legume enfadonho e fez render: “ Até a minha coroa cozinha sopa!!! Esquenta lá uma aguinha, joga um pozinho de pacote dentro, ferve umas raízes mal aparadas até a morte e nos obriga a comer aquela meleca desorganizada”. "Caríssimo" , respondi, "sou um chef. A psicanálise não é o meu ramo de atuação". Virei as costas e me dirigi à cozinha. Caprichei na sopa, por precaução



receita: sopa "branca" de capim limão

(para 4 pessoas)


Pois é. Todos concordam que a sopa é o melhor exemplar da onda “comfort food”, não há dúvidas. O que a maioria das pessoas ainda ignora é que ” comfort”, além de ser confortável por definição, pode ser, também, saborosa por opção. O fato de a coisa remetê-lo à sua infância, não necessarimente significa que ela deva ser condenada a permanecer lá para sempre, soterrada na gaveta das memórias, digamos, traumáticas e pouco glamorosas . Sopa pode, sim, ser um alimento muito bacana, afinal, se até Andy ...











para os legumes
1 nabo, descascado, cortado ao meio e fatiado finamente

1 molho de aspargos, pele removida e reservada, cortado em bastões
floretes de ¼ de uma couve-flor pequena
16 mini-cogumelos paris, sem a pele e com as hastes removidas (reservar ambos)
2 bulbos de capim cidró, picar a porção de aproximadamente 7 cm a partir da raiz folhas 1,5 colheres de 1,5 colheres de sopa de molho de peixe asiático
baby de manjericão


para o caldo
1,2 litros de caldo de frango ou àgua filtrada

1 peito de frango, sem a pele e com o osso
1 cenoura grande, cortada em rodelas finas
½ talo de aipo, cortado em fatias finas
1 cardamomo, partido ao meio
2 cravos da índia
4 dentes de alho, descascados e esmagados
1/2 cebola branca, fatiadas
1 colher de sopa de gengibre, picado
1 ramo de manjericão
1 ramos de salsinha

PREPARO

para o caldo
1.Leve ao fogo todos os ingredientes do caldo e cozinhe-os em fogo baixo até ficarem bem macios. Coe. Deixe esfriar. Descarte os sólidos com excessão do frango.


2.Desfie o frango. Reserve.


para a sopa
1.Cozinhe as flores de couve-flor em água e sal até ficarem macias, mas ainda al dente. ( A couve-flor tem muita personalidade. Ela irá deixar o caldo da sopa com um sabor bastante pronunciado. Por essa razão eu a cozinho separadamente. Mas esse procedimento é opcional. Se preferir, cozinhe-a juntamente com os outros legumes no caldo da sopa.)


2. Ferva o caldo. Adicione o nabo, o aspargos, os cogumelos, o capim cidró e o molho de peixe. Cozinhe até ficarem macios, mas ainda al dente.

3. Quando prontos, inclua o frango desfiado e a couve-flor e deixe-os aquecer.. Desligue. Inclua as micro-folhas de manjericão. Sirva. Bom proveito.

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